Meu pet está com diarreia: o que fazer?

Ver seu cachorro ou gato com diarreia pode gerar muita preocupação. As fezes moles, líquidas ou em maior frequência são sinais de que algo está desequilibrado no organismo do pet. Embora algumas causas sejam simples e passageiras, outras exigem atenção veterinária imediata. Entender os sinais, saber como agir em casa e quando buscar ajuda profissional faz toda a diferença para garantir a saúde e o bem-estar do seu amigo de quatro patas.

Neste artigo, você vai aprender o que fazer se seu pet estiver com diarreia, quais as possíveis causas, quando levar ao veterinário e como prevenir futuros episódios.

O que é considerado diarreia em pets?

A diarreia é definida como a evacuação de fezes em consistência líquida ou pastosa, com aumento da frequência, volume ou urgência. Pode vir acompanhada de outros sinais como muco, sangue, odor muito forte, cor diferente (esverdeada, preta ou amarelada) e até mesmo vômito e apatia.

Ela pode ser classificada em dois tipos principais:

• Diarreia aguda: ocorre de forma súbita e geralmente tem duração curta. Pode estar ligada a mudanças na alimentação, infecções, ingestão de algo inadequado ou vermes.
• Diarreia crônica: é persistente ou recorrente, durando mais de 5 dias, podendo estar relacionada a doenças intestinais, intolerâncias alimentares, alergias ou condições mais graves como tumores.

Causas mais comuns de diarreia em cães e gatos

Diversos fatores podem desencadear diarreia. As causas mais frequentes incluem:

1. Troca repentina de ração

Mudar a alimentação do pet de forma abrupta pode irritar o intestino. O ideal é fazer a transição de maneira gradual, misturando a ração nova com a antiga por 5 a 7 dias.

2. Ingestão de alimentos impróprios

Restos de comida humana, alimentos gordurosos, doces, chocolate, leite e ossos podem causar desequilíbrio intestinal.

3. Parasitas intestinais

Vermes e protozoários como giárdia, ancilostomídeos e coccídios são comuns, principalmente em animais que vivem em ambientes compartilhados ou têm acesso à rua.

4. Intoxicação

Plantas tóxicas, produtos de limpeza, lixo, medicamentos e até alguns alimentos (como uva e cebola) podem provocar diarreia intensa e até riscos de vida.

5. Infecções virais e bacterianas

Parvovirose, cinomose, panleucopenia felina e infecções por Salmonella são causas sérias de diarreia e podem se espalhar rapidamente.

6. Doenças crônicas

Doenças hepáticas, pancreáticas, renais, endócrinas (como o hipotireoidismo) e inflamações intestinais crônicas (IBD) podem apresentar diarreia como sintoma.

7. Estresse

Mudanças no ambiente, chegada de novos animais ou humanos, viagens, banho, tosas ou internações podem causar desequilíbrio emocional e digestivo.

8. Uso de medicamentos

Alguns antibióticos, anti-inflamatórios ou vermífugos podem causar diarreia como efeito colateral. Nunca medique seu pet sem prescrição.

O que observar quando o pet está com diarreia?

Antes de agir, é importante observar e anotar:

• Quantas vezes ele evacuou?
• Há presença de sangue, muco ou fezes pretas?
• Ele está comendo normalmente?
• Está bebendo água?
• Apresenta vômitos, apatia ou febre?
• É um filhote, idoso ou animal debilitado?

O que fazer se o seu pet estiver com diarreia

1. Retire a comida por um tempo (para cães adultos)

Em casos leves e em cães adultos saudáveis, você pode suspender a alimentação por 12 horas (mas mantenha a água disponível). Isso dá tempo para o intestino descansar. Não faça isso com filhotes ou gatos sem orientação.

2. Hidrate o pet

Ofereça água limpa e fresca com frequência. Se ele estiver muito fraco para beber sozinho, utilize seringa (sem agulha) para administrar pequenas quantidades. Se o animal apresentar sinais de desidratação (gengiva seca, olhos fundos, fraqueza), leve ao veterinário imediatamente.

3. Reintroduza alimentos leves

Depois do jejum, ofereça uma dieta leve por 2 a 3 dias:

• Arroz branco cozido
• Peito de frango desfiado (sem temperos)
• Abóbora ou batata-doce cozida

Ou ração gastrointestinal, recomendada por veterinários. Alimente em pequenas porções ao longo do dia.

4. Monitore a evolução

Se após 24 a 48 horas o pet continuar com diarreia, ou se piorar, é hora de buscar atendimento profissional.

5. Não medique por conta própria

Remédios como Imosec, Buscopan, Dipirona ou Floratil — que funcionam para humanos — podem ser perigosos para cães e gatos. Utilize apenas medicamentos prescritos para pets.

Quando levar seu pet ao veterinário com urgência

Existem casos em que a diarreia pode indicar algo sério. Leve seu pet imediatamente ao veterinário se observar:

• Sangue vivo nas fezes
• Fezes pretas (pode indicar sangramento interno)
• Vômitos constantes
• Falta de apetite por mais de 24h
• Letargia ou fraqueza
• Febre
• Gengiva pálida ou desidratação
• Dor abdominal (animal choraminga, se encolhe, evita toque)
• Emagrecimento rápido

Filhotes, idosos e pets com doenças crônicas são mais vulneráveis. Em caso de dúvida, é melhor pecar pelo excesso de cuidado.

Diagnóstico e tratamento

O veterinário pode solicitar exames como:

• Hemograma
• Exame de fezes
• Ultrassom abdominal
• Testes virais
• Exames de função hepática e renal

O tratamento vai depender da causa, mas pode incluir:

• Antibióticos específicos (em casos infecciosos)
• Antiparasitários (em caso de vermes)
• Soro e fluidoterapia (casos de desidratação)
• Antieméticos (para vômitos)
• Dieta gastrointestinal
• Probióticos veterinários

A importância da flora intestinal e o uso de probióticos

A flora intestinal dos cães e gatos — também chamada de microbiota — é composta por trilhões de micro-organismos benéficos que vivem no trato gastrointestinal. Eles são responsáveis por funções essenciais, como:

• Facilitar a digestão e absorção de nutrientes
• Produzir vitaminas (como B12 e K)
• Proteger contra bactérias nocivas
• Fortalecer o sistema imunológico

Quando um pet tem diarreia, essa flora pode se desequilibrar rapidamente. Isso pode acontecer por antibióticos, estresse, má alimentação, vermes ou doenças. Restaurar o equilíbrio da microbiota é essencial para uma recuperação completa.

É aí que entram os probióticos.

Probióticos são suplementos compostos por bactérias boas, vivas, que ajudam a repovoar a flora intestinal do pet. Eles atuam regulando o intestino, diminuindo a inflamação e acelerando a recuperação após quadros de diarreia.

Benefícios dos probióticos para pets com diarreia:

• Reduzem o tempo de recuperação
• Ajudam a firmar as fezes
• Previnem recaídas
• Estimulam o sistema imunológico

Probióticos devem ser sempre específicos para cães e gatos. Marcas como Floravet, Keflor, Enterex e Probiótico Pet são seguras e eficazes, mas devem ser usadas com orientação profissional.

Exemplos de alimentação adequada durante a recuperação

A dieta durante e após um episódio de diarreia deve ser leve, digestiva e de fácil absorção. Veja alguns exemplos seguros e eficazes que podem ser oferecidos por 2 a 3 dias:

Para cães:

• Arroz branco cozido (sem óleo ou tempero)
• Peito de frango cozido e desfiado
• Abóbora ou cenoura cozida e amassada
• Batata-doce cozida
• Ração gastrointestinal (Royal Canin, Hill’s, Premier, entre outras)

Para gatos:

• Ração gastrointestinal felina
• Frango cozido bem desfiado (sem sal, óleo ou cebola)
• Purê de abóbora com pouca água
• Pedaços de carne cozida magra (sem osso)

Durante a recuperação, ofereça porções pequenas a cada 4 a 6 horas. Após melhora, vá reintroduzindo a ração normal gradualmente, misturando com a dieta leve.

Evite dar leite, iogurte, frutas ácidas, carne crua, petiscos industrializados ou qualquer alimento humano condimentado — eles podem agravar a situação.

Conclusão

Se o seu pet está com diarreia, a primeira atitude é observar com atenção. Em muitos casos, o problema se resolve com cuidados simples em casa, como descanso digestivo, alimentação leve e hidratação. No entanto, a persistência dos sintomas ou sinais de alerta exige intervenção veterinária imediata.

Conhecer o comportamento do seu cão ou gato, manter os cuidados preventivos em dia e agir rapidamente em situações suspeitas pode fazer toda a diferença para evitar complicações. Sempre consulte um profissional de confiança para avaliar o caso do seu pet de forma individualizada.

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